sábado, 26 de setembro de 2009

CANIBALISMO SENSORIAL

"O mundo pertence às pessoas que pensam cedo"



À medida que aprendemos a pensar, o pensamento se torna conhecimento
E se faz linguagem do saber, que nos revela que é na multidão que a liberdade deixa de ser bela,
E na solidão que o vôo da criatividade se revela. Sonhamos com um mundo de amor, onde a dor
produzida pelas ambições humanas negativas não tenha expressão mas temos medo de pensar contra a maré de pensamentos que funcionam a favor das feridas mentais históricas que são mantidas, para impedir a navegação psicológica rumo a produção de idéias de conversão cerebral para o respeito a árvore genealógica que nos gerou para usufruirmos do processo evolutivo dentro das nossas culturas e tradições.



Cada povo tem suas características próprias fruto de sua experiência no tempo e no espaço sendo esse facto mais do que comprovado, então onde estão os pensamentos que geramos dentro do nosso universo geográfico particular?
Se são nossos porque que nos separam?
Se é a manifestação da nossa inteligência porque que só pensamos o que contradiz a nossa realidade?
Será que história nos enganou ou nós enganamos na construção da história ?

Será que estamos em condições de falar sobre liberdade ?
Será que estamos preparados para defender os pensamentos que pensamos como nossos?


Apesar da grandeza de África , os africanos não cuidam carinhosamente África. Os que procuram mudar seu estilo de vida quando pensam na unificação cultural africanas revelam sempre em grande parte uma dose dos pensamentos Euro-cêntricos. Outros quando equipam sua inteligência com licenças e diplomas, pedem também licença a tudo que faz parte dos hábitos e costumes africanos; dai nasceu o fenômeno da des - sintonização natural, que historiadores paleontológos, antropólogos e sociólogos arqueólogos têm procurado interpretar ao longo de suas pesquisas.

Pensemos:

Existe uma doença com o nome de imitacionismo que a psiquiatria define como imitação doentia que leva o doente a imitar ao extremo os traços e características de uma realidade aparte a sua própria realidade existencial e individual, só que o imitacionismo leva aos caos do mutacionismo. Isto é quando imitamos demais uma realidade, perdemos a nossa identidade, não para ganharmos outra identidade mas sim para ficarmos sem uma nem outra porque ninguém nasceu para ser gêmeo muito menos igual a outrem, porém é um suicídio psico-afectivo tentarmos ser o que os outros são, quando nem quem somos conhecemos bem ao certo.

Neste espelho podemos entender que não tem como tentarmos ser Europeus, Asiáticos, Americanos, quando a nossa escritura essencial existencial é Africana. Logo é-nos inútil usar postiços e tissagens para ilustrar a imagem de uma mulher européia, esta é a maior expressão de opressão ao coro cabeludo que gera os fios de cabelo no solo natural para embelezar a cabeça da mulher dentro do padrão estético africano.

Cabelo em África simboliza equilíbrio materno, coroa de pureza, sinal de saúde física, e bem estar espiritual, é um elemento que gera inspirarão no homem para enfrentar as forças misteriosas das florestas, e os poderes instintivos dos animais selvagens, quando o homem acaricia o cabelo da mulher na noite de cópula lembra-se do tronco afiado que usa nas batalhas contra os opositores da tribo, o cabelo faz o homem cantar onde não tem musica e dançar onde não tem festa.



Só o cabelo pode dar de volta a masculinidade perdida nos braços maternal, quem na primeira infância não se pendurou nos cabelos de sua mãe para não deixar escapar os seios maternos, mas as mães de hoje com uso doentio do padrão de beleza e comportamento exportado bebês são preparados olfacticamente para serem drogados porque o cheiro destes fios artificiais que estão na moda agridem e violentam o sentido de olfacto dos bebês, preparando-os para a desorganização dos sentidos.



O cabelo é preto, porque a cor preta é absorvedora ela retém os raios ultra-violeta liberados pelo sol a maior fonte de vitamina D, a vitamina D calcifica o intestino e nutri o sentido de tacto, por essa causa esses pêlos chamados cabelo que estão na parte superior da cabeça, foram instalados nessa região porque embaixo do solo cabeludo é onde fica guardado o maior órgão de criação, comunicação e informação na terra o » cérebro» . Imaginemos o perigo que cérebro sofre quando sofre atentados na sua superfície, o cérebro precisa de arejamento sem livre circulação de ar na cabeça, a criação de pensamentos entra em risco, e do mesmo modo a vida do usário da inteligência também.

"Sonho predador"



As mulheres africanas devem deixar o mais rápido possível essa migração no código de beleza extra-africana porque com essa inclinação de seguir desenvolvimentos e evoluções acaba gerando os mais tristes problemas dentro do nosso eixo social. Porque toda essa perseguição aos usos e costumes estrangeiros a África é a fonte dos desvios sexuais mais graves conhecidos pela raça humana.





"O Natural cresce"
Pensemos:

O orgasmo para além de ser uma erupção de vida é também a maior terapia conhecida até hoje pela raça humana, e para surgir o orgasmo é necessário que todo o corpo esteja em uníssono em harmonia com seus atributos e elementos. Será possível juntarmos leite com sal e esperarmos beber leite açucarado! claro que não. Então vamos reconstruir o orgasmo em África sem limitações e imposições porque enquanto mantermos essa linha de comportamento não podemos esperar casamentos felizes porque o cabelo influencia na maneira de pensar e estar no mundo.

Usando essa máscara esse »cabelo de socorro» não podemos sonhar com uma sociedade organizada.


Fim da primeira parte.

Por

sábado, 1 de agosto de 2009

A DIFERENÇA ENTRE O SÁBIO E O INTELIGENTE




O inteligente investe seus conhecimentos baseado na lei exacta que dois mais dois tem obrigatoriamente que gerar = quatro, para servir apenas uma pessoa, por ter cálculado pela lógica, que o segredo da vida esta no crescimento individual (Ganância/individualismo)

O sábio confia na simples lei da vida que dois mais dois resultado final é sempre = um, por ter consciência que o valor real da convivência humana encontra-se nos caminhos da união. (amizade/companheirismo)

O inteligente julga o tempo na visão de que o tempo só é proveitoso quando aumenta dinheiro em seu = cofre. (Egoísmo/egocentrismo)

O sábio agradece pelo o tempo que lhe é permitido viver em cada dia, reconhecendo que o salário mais saudável que existe na terra vem do aprender a deixar uma palavra de paz no coração dos homens com = amor. (Bondade/humanidade)

O inteligente não tem fé no que não vê, sua crença são as coisas que o rodeiam riquezas, poder, honras, exaltação de seu nome, reinado entre as mulheres sem isso não sente satisfação em = nada. (Superficialidade/banalidade)

O sábio sabe que a fé é para quem mais crê no que não se vê, do que no que se pode ver, por essa causa não mede a ninguém pelo ter, mas sim pelo ser, sabendo que a realidade da vida mostra que todos os visíveis um dia tornar-se-ão invisíveis, facto esse que o leva a crer mais no ser do que no ter, porque antes de qualquer um ser humano existir na terra já existia nas invisíveis mãos de = Deus. (Espiritualidade/interioridade)

O inteligente tem medo dos problemas existencias fomes, doenças, misérias e mortes, por isso caminha na corrupção, sem ternura para as coisas delicadas, divulga a mais ousada hipocrisia, não respeita as prioridades alheias, porque a ambição é seu meio de comunicação social, desconfia de si mesmo e dos outros , de tudo e de nada desacredita, não tem sossego na mente porque é demasiado imediatista, fantasias e lendas definem a sua visão do = mundo. (pobreza moral/Mundanidade)

O sábio batalha contra as tristezas, dores, e perdas humanas, com um olhar atento sobre a história da humanidade, compreende que gerações nascem e morrem em todos os séculos, mas mesmo assim a vida não deixou de ter brilho, nem beleza, muito menos poesia de alegria, porque os que honram as boas leis deixam sempre uma luz orientadora, para quem segue os seus nobres exemplos. Viver não resumi-se em possuir apenas conforto por fora e ter um jardim em ruínas na alma, também não é ser uma fonte de palavras bonitas e contrariar com comportamentos indecentes, viver é ter uma linguagem transparente de justiça, é escrever no coração dos outros um testemunho vivo digno de celebração e prémio porque a vida só tem sabor e cor quando se encontra em algumas vidas razões majestosas para continuar firme nas obras que exaltam, os bons valores, e a Jesus Cristo o maior, e a melhor expressão de vida, que a raça humana já ouviu na história dos homens. O sábio reconhece que todo o inimigo também necessita de amor para = respirar. (Vida/Atemporalidade)


Por: Shunnoz Fiel
14/07/009

segunda-feira, 1 de junho de 2009

AS REPRESENTAÇÕES PSICO-PATOLÓGICAS E A CONVERSÃO DO AFRO-AFRICANO



O Terceiro Mundo não deve se contentar em difinir-se em relação a valores que o precederam. Os países subdesenvolvidos, ao contrário, devem esforçar-se para criar valores que lhes sejam próprios, métodos, um estilo que lhes sejam específicos FANON [2002]

Acerca de mais ou menos de seis anos, após uma longa jornada em busca do livro Biko, estava eu imerso nas páginas do mesmo, quando me deparei com a seguinte frase “por mais que falemos a sua língua, os nossos códigos lingüísticos, símbolos e representações são outros, por isso estamos em desvantagem”. Logo o “pós-colonializado” nunca se reconheceu como si próprio, como poderiam se auto-reconhecer, pois isso é impossível, até que inventem termos originais. Enquanto se contentarem em serem tratados e chamados pelos termos de eurocêntricos, serão incapazes de ser qualquer coisa, a não ser por meio de representações sociais euro-cêntricas é logo tapeado por nós[1] (MOSCOVICI, 2003, pp. 10, 21). A pior herança dos povos afro-africanos, do período do avassalamento[2] bio-físico e agora psíquico por des-colonizar é a programação cognitiva que até hoje os mata. Dessa forma, se faz necessário um real processo de des-civilização e conversão psíquica do homem afro-africano sendo este o caminho para real libertação. Percebi logo quão difícil e complexo para um afro-africano viver em um mundo dominado por representações, imaginário e estética euro-européia: em primeiro lugar pela falta de uma auto-fala e pelas representações criadas sobre si mesmo, fruto do imaginário euro-europeu racialista e racista; em segundo, por viver em sociedades multi-étnicos-raciais “pós-escravismo” e “pós-colonialismo” e preso em redes de relações raciais semi-pacificas, controladas por normas cristalizadoras de representações psico-negativas.

Nossas experiências e idéias passadas não são experiências ou idéias mortas, mas continuam a ser ativadas, a mudar e infiltrar nossa experiência e idéias atuais. Sob muitos aspectos, o passado é mais real que o presente. O poder e a claridade peculiares das representações – isto é, das representações sociais – deriva do sucesso com que elas controlam a realidade de hoje através da de ontem e da continuidade que isso pressupõe MOSCOVICI [2003]

O afro-africano sofreu a des-legitimação[3] político-psico-sócio-cultural e o epistemicídio euro-europeu, em relação a seu próprio imaginário sócio-cultural e contribuição intelectual e cultural milenar para a arte, filosofia e ciência. Desenraizados, perseguidos, frustrados e condenados a assistirem a dissolução das verdades nas quais sempre acreditaram. Como resultado dessa antinomia (a busca de um ISO e a negação do mesmo pelo eu hegemônico apesar de ser certificado pela branquidade) que coexiste com o homem afro-africano. Podemos tirar duas conclusões: que os brancos consideram-se superiores aos afro-africanos e que os afro-africanos desejam provar ao euro-europeu, a todo custo, o igual valor de seu intelecto. Tal provação levou e leva a um sofrimento vivenciado que atravessa os mecanismos psicológicos, a psíque do afro-africano que, assim como de todo e qualquer ser humano, tem funcionando em si. Esse sofrimento se mostra inconsciente e poderosamente ativo, porque instalado nas sombras do desconhecido. Porém, apesar de a psique humana trabalhar da mesma maneira, existem diferenças que se dão devidas a ordens e/ou fatores diversos. Fator genético que dá a cada um diferenças na percepção, desde a mais tenra idade, os relacionamentos que levam a cada pessoa, com singularidade, a inscrição em crianças dos traços da sua cultura étnica e fatores sociais que influenciam de forma decisiva, através de professores, médicos, chefes, artistas, psicólogos, padres (aparelhos ideológicos de Estado) e etc., elementos que colocarão o modo de ver o mundo, geralmente já perpassado pela visão de mundo da classe dominante (hegemônica).

São esses aparelhos chamados aparelhos ideológicos de Estado. Esse quadro complexo e sutil vai, aos poucos, sendo introjetado pela pessoa, na medida em que a repetição dos pontos de vista, das normas, faz com que ela sinta a pressão do grupo circundante e dominante ANDRADE [ ]

O euro-europeu dominador[4] quebrou a coluna dorsal do povo afro-africano dominado e oprimido, ou seja, os elementos essenciais para a manutenção do ser do povo afro-africano — sua cultura e religião. Essa violência tem levado o homem africano, tanto em África quanto na Diáspora, a lutar e buscar reconhecimento, e certificação ISO[5], aprovação ou aval por parte do euro-europeu, para se sentir realizado ou capaz. Fanon adequadamente coloca:

O homem só é humano na medida em que ele quer se impor a um outro homem, a fim de ser reconhecido. Enquanto ele não é efetivamente reconhecido pelo outro, é este outro que permanece o tema de sua ação. É deste outro, do reconhecimento por este outro que dependem seu valor e sua realidade humana. É neste outro que se condensa o sentido de sua vida FANON [2008]

Levando o próprio afro-africano a um comportamento psico-patológico em todos os âmbitos e sentidos, aprofundando e clivando as sócio-patologias, convertendo-as nas psico-sociopatologias introjetadas[6] e naturalizadas como constitutivos do próprio sujeito afro-africano[7]. Para Fanon (2008), o preto tem duas dimensões. Uma com o seu semelhante e outra com o branco. Um preto comporta-se diferentemente com o branco e com outro preto. Não há dúvida de que esta cissiparidade é uma conseqüência direta da aventura colonial. Ninguém pensa em contestar que ela alimenta sua veia principal no coração das diversas teorias que fizeram do preto o meio do caminho no desenvolvimento do macaco até o homem. Assim o afro-africano se apresenta e vive de comparação, há uma preocupação constante com a autovalorização e com o ideal de ego. Sempre que entra em contato com um outro semelhante, advêm questões de valor e mérito. Humilhando o seu semelhante de diversas formas, constituindo-se assim ele mesmo um “homicida”.

Tentem compreender o “sentido” e a direção dos fenômenos mórbidos sem levar em consideração este objetivo final, e vocês se encontrarão logo diante de uma multidão caótica de tendências, impulsos, fraquezas e anomalias, feita para desencorajar uns e suscitar em outros o desejo temerário de penetrar, custe o que custar, nas trevas, arriscando-se a voltar com as mãos vazias ou com um despojo FANON [2008]

Assim após a aceitação dos preconceitos do Eu hegemônico, o afro-africano, em posse de tal introjeção, ataca com ferocidade a sua psico-somatología com a intenção de aniquilar e destruir sua auto-imagem e corpo, que leva a uma forma negativa de expressar seu valor. Este fenômeno é facilmente observado nos homens de cor com algum tipo de sucesso: financeiro, econômico, social, intelectual, esportivo, artístico, etc. Daí vemos geralmente os pretos intelectuais criarem escolas nos moldes ocidentais, lecionarem tendendo a ser mais exigentes, lutam para demonstrar uma erudição que chega ao ridículo. A dominação e o conhecer profundamente as teorias e conceitos postulados ocidentais converte-se na primeira arma para desqualificar e provocar seu auto epistemicídio. Sendo assim, no afro-africano civilizado a estupefação chega ao cúmulo, pois ele está perfeitamente adaptado. Com ele o jogo não é mais possível, é uma perfeita réplica do euro-européu. Chegando a realizarem exibições de citações de intelectuais brancos, diante de uma platéia branca e entre os seus não instruídos, criando a imagem do reconhecido e vitorioso na luta pelo ideal de ego euro-européu, e os com sucesso econômico-financeiro em especial a se tornarem consumistas de primeira ordem e grandeza e valorizando um status corrompido do ser homem de cor.

Para entendermos como tais construções ocorrem, o caminho lógico é examinar a linguagem, na medida em que é a partir dela que criamos e vivenciamos os significados. Na linguagem está a promessa do reconhecimento; dominar a linguagem, um certo idioma, é assumir a identidade da cultura. A questão da língua também levanta outras questões mais radicais sobre seu papel na formação dos sujeitos. Assim, todo povo colonizado – isto é, todo povo no seio do qual nasceu um complexo de inferioridade devido ao sepultamento de sua originalidade cultural – toma posição diante da linguagem da nação civilizadora isto é, da cultura metropolitana” FANON [2008]

O europeu ou o branco em África como em todos os lugares, que por uso de um belíssimo onde o dialogo não é cogitado[8] conquistou na era moderna, acabou por se transformar no autóctone e transformando o autóctone em o estrangeiro o Outro. Des-legitimando os direitos naturais de quem encontrou na parcela geográfica e legitimando seus atos sobre os membros da sociedade em que se tem o novo domínio bélico. Passando a legitimar com a promoção da civilização européia todo seu ato contra o Outro, neste caso o autóctone, não devemos esquecer que o branco é o forasteiro, o estrangeiro, o que veio saquear e seqüestrar. Assim permaneceu de forma clara e aberta até as independências, em África e no resto do mundo colonizado, e permanece por meio de novos mecanismos de dominação obscuro em nossos dias sua condição de espoliador. O preto africano, como espoliado, permaneceu e permanece espoliado, não mais de forma física, e sim psíquica, logo, carrega em si elementos, símbolos, significâncias que o levam sempre a exaltar de alguma forma a Europa e o euro-europeu e os indivíduos que mais se aproximam fenotipicamente ao branco (fruto de cruzamentos étnico-raciais branco com outros grupos raciais). Com isso a naturalização da auto-negação e flagelo, tornam-se algo natural: como alisar um cabelo, refinar o nariz, preferir os nomes e línguas européias, vestimentas, termos preferência em se relacionar com branca (o)s e na falta os mulatos-mestiços.

O euro-europeu espoliador, detentor de poder, adota, segundo suas necessidades, o procedimento de controle da produção coletiva, sem abordarem diretamente os usos e costumes do povo dominado, extraindo “somente” o produto do trabalho alheio ou, o que tem sido encontrado amiúde, a dominação econômica, política e cultural/religiosa. É este o processo de sonegação do direito à auto-afirmação, fruto de um processo de des-legitimação político-sócio-cultural em relação à África e ao afro-africanos.

O peso de sua historia dos costumes e conteúdo cumulativo nos confronta com toda a resistência de um objeto material. Talvez seja uma resistência ainda maior, pois o que é invisível é inevitavelmente mais difícil de superar do que o que é visível MOSCOVICI [2003]

A conversão[9] é então entendida como um processo de tornar-se diferente do que era sem deixar de ser o que foi.[10] A colonização apresentada como um dever, invocando a missão civilizadora do Ocidente, competia à responsabilidade de levar o africano ao nível dos outros homens (o euro-europeu). Tal clima de alienação atingirá, profundamente, o preto, em particular o instruído, que tem assim ocasião de perceber a idéia que o mundo ocidental fazia dele e de seu povo. Na seqüência, perde a confiança em suas possibilidades e nas de sua raça, e assume os preconceitos criados contra ele. É nesse contexto que nasce a negritude. Era tempo de buscar outros caminhos. A situação do negro reclama uma ruptura e não um compromisso. Ela passará pela revolta, compreendendo que a verdadeira solução dos problemas não consiste em maquiar-se de branco, mas em lutar para quebrar as barreiras sociais que o impedem de ingressar na categoria dos homens.

Em meio a esse processo de libertação, assiste-se a uma mudança de termos, pois abandona a assimilação e a liberação do negro se da pela busca de uma certificação Ori[11] que o torna preto, efutua-se pela reconquista de si e de uma dignidade autônoma. O esforço para alcançar o branco exige total auto-rejeição; negar o europeu será o prelúdio indispensável à retomada de uma condição anterior a des-legitimação sofrida. É preciso desembaraçar-se desta imagem acusatória e destruidora, atacar de frente a opressão, já que é impossível contorná-la. Aceitando-se, o preto afirma-se cultural, moral, física e psiquicamente. Ele assumirá a cor negada e verá nela traços de beleza e de feiúra, como qualquer ser humano “normal”.[12] A tomada de posição ideológica, a conversão psíquica em relação à ancestralidade africana e herança dos processos psíquicos[13] histórico-social, a auto-definição e novas representações sociais criadas para si dentro do ideal de ego afro-africano, além da crítica em relação a essa des-legitimação, usando a legitimação para des-legitimizar a des-legitimação oficial do Estado e seus aparelhos de controle (AIE) [14].

Uma forma de expressar a visão que essas relações para com o Outro parecem alimentar seria dizer que ele nega os estereótipos, as exclusões, a dominação que visam o Outro. Seria demasiado longo explicar aqui, mas serio que o, em todas as circunstâncias, o Outro está exatamente ausente ou invisível. Eu prefiro dizer que são representações sociais, pois se julgamos verdadeiras ou falsas, é sempre com relação a uma norma que admitimos e consideramos lícita (MOSCOVICI In: ARRUDA, Ângela (org)., 2002, pp. 8-9).



Por: Nkuwu-a-Ntynu Mbuta Zawua




[1] O euro-europeu hegemônico liberal ou progrecista apesar de seu interesse e suposto defensor das lutas e causas dos afro-africanos. E este defensor é o próprio obstáculo epistemológico, pois é parte do sistema de dominação, assim como foram os emancipacionistas e maioria dos abolocionistas. O afro-africano diante do nós é aprisionado por querer uma fala menos universal e, mas de recorte étnico nas soluções de problemas que se apresentam universais, mas de características específicas e atuam de forma específica no tecido social, das sociedades multirraciais e étnicas, logo o afro-africano fica em situação de inércia. Este mecanismo de controle do nós é quase que automático por parte do homem vivent na branquidade, o torna incapaz de se liberar de sua herança hegemônico e viver de acordo com seus ideais, por se dar na esfera da psico-histórica.
[2] Segundo Sidi Askofaré, dos procedimentos simbólicos do avassalamento resultam um tipo de dominação real do corpo que teve de ser apoiada em uma dominação simbólica, política, ideológica e em uma repressão social do reprimido. A característica fundamental da repressão não é que destrói ou suprime o que sucumbe à ela, mas que mantém isolado o que sucumbiu, ao tempo em que conserva seu poder atividade, efetividade e eficácia. Por isso, não existe repressão sem retorno do reprimido. Daí os sintomas que dizem a seu modo o que não pode ser dito, formulado, liberado ou reconhecido (ASKOFARÉ apud GERBASE, 2008).
[3] De desligar, desunir-se, quebrar a aliança do legítimo que dá o reconhecimento como legítimo ou autêntico, tirando assim a qualidade e o reconhecimento do legítimo. A escolha do termo des-legitimação para explicar o desligamento de manifestações e criações fruto do espírito humano. Des-legitimação é o processo de perda da identidade étnica (da essência daquilo que é indivisível) por meio da simbologização que nacionaliza (universaliza a cultura como ferramenta para o apagamento de uma memória coletiva e individual, fenotipização e fenogonização), que naturalizão manifestações e ou criações matricialmente étnicas. Imposta pelo dominador, onde o criador perde a legitimação e o dominador apresenta-se como criador de algo que nunca criou, acabando assim por se transformar no autóctone e transformando o autóctone em o estrangeiro, ou melhor, o desligando de sua essência e direitos naturais. Tem sua base teórica e conceitual no direito de propriedade intelectual, onde: ex. só o vinho espumante produzido na região francesa de Champagne, tem o direito a carregar em seu rótulo o nome de Champagne, assim como o queijo parmesão todos os outros são vinho e queijos tipo parmesão.
[4] A minoria dominante de origem européia recorria não somente à força, à violência, mas a um sistema de pseudo-justificações, de estereótipos, ou a processos de domesticação psicológica. A afirmação dogmática da excelência da brancura ou a degradação estética da cor preta era um dos suportes psicológicos da espoliação (GUERREIRO apud SOVIK In: WARE (org), 2004, p. 367). [5] O dominador, detentor de poder, adota, segundo suas necessidades, o procedimento de controle da produção coletiva, é por este processo de des-legitimação da auto-afirmação, por menacinismos político-piso-sócio-culturais. Desse processo, a certificação pela intervenção da branquidade se apresenta, o reconhecimento do outro se faz assim por meio de padrões europeus convertidos em norma universal. O Outro totalmente totalmente desinformado a respeito do que realmente seja uma certificação, a abraça de forma psico-patológica. Então o liquidificador da certificação é acionado, a embalagem que garante uma aparência branca aos produtos não europeus. Escondendo uma série de fatores que demonstram o quanto os ISO’s, des-legitimam. Logo a certificação naturalizada como condição sine qua no nas organizações e os que desejam conseguir destaque no cenário nacional e, conseqüentemente, no internacional num mundo onde a norma é branca.
[6] A marca ou sinal de referência, que o valor induz a partir do ideal, que reivindica, veicula um imperativo e, por conseqüência, uma proibição. Razão por que o valor negativo é, indubitavelmente, menos o posto do valor positivo do que a sua inversão, cujo sentido sublinha, de modo irrisório, a precariedade da proibição que o define, e a transformação da sacralidade, que o institui (RESWEBER, 2002, p. 24).
[7] Por uma série de razões, o preto foi cortado dos mecanismos normais de compaixão e de identificação. Foi sobrecarregado pelo peso dos antigos medos associados à sua cor; sofreu as conseqüências de uma imensa barreira cultural, que atingiu seu auge por intermédio da sensibilidade dos europeus em relação à sexualidade não-reprimida; carregou o estigma de todos vícios para os quais a escravidão o empurrou; e o próprio espírito da ciência secular que levou a emancipação à mente européia tendeu a relegá-lo a uma posição de inferioridade natural (DAVID, 2001, pp. 530-531).
[8] Para mais consulte HANSON, Victor Davis. Porque o ocidente venceu – massacres e cultura – da Grécia antiga ao Vietnã. Rio de Janeiro, Ediouro, 2002.
[9] Em Vygotsky, a conversão é o processo de superação e de mediação não estando a questão na internalização de algo de fora para dentro, mas na conversão de algo nascido no social que se torna constituinte do sujeito permanecendo “quase social” e continua constituindo o social pelo sujeito. O eu não é sujeito, é constituído sujeito em uma relação constitutiva eu-outro no próprio sujeito, essa relação é imprescindível para a constituição do sujeito, já que para se constituir precisa ser outro de si mesmo. É necessário o reconhecimento do outro como eu, alheio nas relações sociais, e o reconhecimento do outro como eu próprio, na conversão das relações interpsicológicas em relações intrapsicológicas; mas nesta conversão, que não é mera reprodução, mas reconstituição de todo o processo envolvido, há o reconhecimento do eu alheio e do próprio e, também, o conhecimento como autoconhecimento e o conhecimento do outro como diferente de mim. Porém, o conhecimento não é só reconhecimento, o ato de conhecer pressupõe a experiência e a imaginação, o mundo do imaginário e do possível diferente do mundo real, mas que está estreitamente relacionado com a realidade social. A conversão é entendida como um processo de tornar-se diferente do que era sem deixar de ser o que foi (MOLON, 2003, pp. 98-99, 112).
[10] Para sobre a conversão consulte WEST, Cornel. Questão de raça. São Paulo, Companhia das Letras, 1994.
[11] E ORI é a palavra mais culta porque é o homem, sou EU. Porque é o indivíduo, a identidade. A identidade individual, coletiva, política, histórica. ORI é o novo nome da história do Brasil. ORI talvez seja o novo nome do Brasil. Este nome criado por nós, a grande massa de oprimidos, reprimidos. Reprimidos antes, depois oprimidos, torturados. Transgressores. ORI passa a acompanhar quando o Movimento procura o processo de institucionalização. Os processos abertos da fala (NASCIMENTO apud RATTS, 2007, p, 65).
[12] MUNANGA, Kabengele. Negritude - usos e sentidos. Ed. 2°. São Paulo, Ática, 1988, p. 9. [13] Nascemos para o mundo já como membros de um grupo, ele próprio encaixado em outros grupos e com eles conectado. Nascemos elos no mundo, herdeiros, servidores e beneficiários de uma subjetividade que nos precede e de que nos tornamos contemporâneos: seus discursos, sonhos, seus recalcados que herdamos, a de que servimos e que nos servimos, fazem de cada um e nós os sujeitos do inconsciente submetidos a esses conjuntos, partes constituídas e constituintes desse conjunto (KAES apud Bento, 2002, p. 45).
[14] São aparelhos ideológicos do Estado: igreja, família, educação, justiça, política, sindicato, cultura e informação, têm como função a manutenção e a reprodução social (ALTHUSSER, 2007, pp. 66-72).



A IDADE DA RAZÃO


Artista: Keita Mayanda

Música: A idade da razão
Álbum: O homem e o artisa

Ano: 2006
Editora: Wakuti Música


Versão I


O tempo aumenta a nossa capacidade
De engolir sapos à medida que avança a idade
A revolta sorri por breves momentos
Aceitamos ver a vida com demasiados tons de cinzento
Aos 16 anos éramos inconformados
Dispostos a ser a voz dos que estão calados
Aos 27 só já queremos ter as nossas coisas
Desencantados com a vida e suas prosas
Pergunto então: o que quero pra mim?
Vou aceitar a situação e viver a vida assim?
O profundo responde-me: vou fazer o que sempre quis
Se ouvir sempre o mundo nunca serei feliz
Vou afirmar o que penso
Tornar pequeno este mundo imenso
Trazer às pessoas o brilho do sol depois de um dia chuvoso
Quero propor a esperança de um futuro radioso
Continuo a sangrar nas letras a noção
De um mundo perfeito com leite e pão
Com mulheres interessantes e homens honestos
Com justiça social e dirigentes lestos
Mas a realidade chama-me de volta à bofetadas
Este é o mundo das verdades enganadas
A humildade me diz
Só posso dar ao mundo a mudança que em mim já fiz
A presunção afasta-me da lucidez que preciso
Pra fazer poesia sobre as ruínas que piso

Refrão


O tempo veio falar comigo e disse-me coisas estranhas
Disse-me para estar atento quando caírem as folhas castanhas
Que a aurora da minha vida não vem cedo
Pra enfrentar a violência da tempestade sem medo
Depois dela vem sempre a bonança

Que é como um abraço fraterno ou o sorriso de uma criança
O tempo veio falar comigo e disse-me coisas estranhas
Disse-me para estar atento quando caírem as folhas castanhas


Versão II


Eu falo de coisas simples das coisas que vivo
Que me deixam num estado eufórico ou depressivo
Revolta, sinto
Pelos sonhos afogados em barris de vinho tinto
Esperanças antigas inundadas de percevejos
Quero de volta as moedas que um dia joguei no poço dos desejos
Quero agora a vida que a vida não me deu
Preciso conversar com DEUS ELE fez-me ateu
Porque esse mundo é muito à toa e as pessoas não prestam
A indiferença me magoa poucas coisas boas me restam
Tar com os amigos a passear de cima a baixo
Compor a ver se no beat me encaixo
Os momentos de recolhimento em que converso comigo
Caminhar de noite, tendo só as estrelas como abrigo
Eu atingi a idade da razão
Estou na encruzilhada da vida, tenho de tomar uma decisão
É a idade das opções difíceis
Da busca daquilo que nos fará felizes
É a idade de estar só com as pessoas
Que nos dizem na cara aquilo que nos dizem nas costas
É a idade da tranquilidade
Das verdades que afastam ou preservam a amizade
De estar sozinho por vontade
Do autoconhecimento e humildade
Que trazem sempre a lucidez necessária
Pra se preservar uma consciência revolucionária.


Versão III*


Segunda metade dos vinte 26 anos
A cabelo está a cair
A barba está mais rija
O olhar mais cansado também
Porque o tempo deixa as suas marcas
Fora
Mas dentro também
E as de dentro são se calhar as mais profundas
E as exigencias são muito maiores quando se está perto dos 30
Quando se está a olhar já pros 30
Vejo os meus amigos todos
Alguns com filhos
Alguns casados
Mas todos com os olhos no futuro
A idade da razão


Refrão*


O tempo veio falar comigo e disse-me coisas estranhas
Disse-me para estar atento quando caírem as folhas castanhas
Que a aurora da minha vida não vem cedo
Pra enfrentar a violência da tempestade sem medoDepois dela vem sempre a bonança


Que é como um abraço fraterno ou o sorriso de uma criança
O tempo veio falar comigo e disse-me coisas estranhas
Disse-me para estar atento quando caírem as folhas castanhas

O tempo veio falar comigo e disse-me coisas estranhas

O tempo veio falar comigo e disse-me coisas estranhas
Disse-me para estar atento quando caírem as folhas castanhas
Que a aurora da minha vida não vem cedo
Pra enfrentar a violência da tempestade sem medoDepois dela vem sempre a bonança
Que é como um abraço fraterno ou o sorriso de uma criança

O tempo veio falar comigo e disse-me coisas estranhas
Disse-me para estar atento quando caírem as folhas castanhas


* Inserido por nós : : Tabus Afro-Africanos : :



sexta-feira, 1 de maio de 2009

Mulatidade a norma-padrão estético sócio-cultural em sociedades africanas de língua portuguesa pós-colonizadas.

O mulato dentro dos dois mundos (branco e preto), é o mais desolado, penso, pois é rejeitado de uma ou de outra forma. Pelo euro-europeu e pelo afro-africano, por ser um ser ambivalente, fruto de relações inter-raciais e por projetos políticos sociais por um lado pigmentocrático e processos histórico-ideológicos. Sendo um afro-europeu lhe foi incumbido papel central na manutenção das representações e imaginário escravista-colonial. Textos como de Willie Lynch 1711-12, e outros. Cientistas naturalistas, físicos, químicos, teólogos, padres, pastores e etc, comprovam essa tese. Termo usado para demarcar o território subjetivo e concreto dentro de sociedades marcadamente “pós-colonizadas”, no nosso caso as africanas de língua portuguesa. A hibridez étnico-racial aqui é analisada como categoria sócio-histórica racial porque sempre houve sua diferenciação entre os brancos e dos não brancos no período escravista político-jurídico e colonial. Então o que é a mulatidade: é o lugar de vantagem estrutural nas sociedades constituídas por uma estrutura de dominação étnico-racial. É o “ponto de vista”, o lugar a partir do qual o afro-europeu se vê e vê o afro-africano. É a ordem territorial nacional[1], é o lócus de elaboração e de exaltação de sua identidade e ancestralidade euro-européia. Marcadas previamente desde o século VIII até os dias de hoje. É o espaço cognitivo onde o mulato faz a vez do eu hegemônico, na falta deste, a partir desse lócus comumente redenominado ou deslocado dentro das denominações étnicas ou de classe, fortalecendo-se como marcador de fronteira entre ser branco e ser preto. Assim a mulatidade é o lugar de privilégio normativo.

A mulatidade é também entendida por nós como uma psico-sociopatologia. Segundo Adler o sentimento de inferioridade convive com o desejo de superioridade. A patologia-protesto do mulato consiste no “branco”, assim como não é branco segundo critérios arianos, afirma-se por duas vias: lembrando ansiosamente sua ancestralidade branco-européia e estudando o preto como um objeto, negando a ancestralidade preto-africana em sua constituição bio-subjetiva, ao lado de quem sua brancura é ressaltada. Assim a mulatidade enquanto conceito e local sócio-histórico que se define a norma nas sociedades que a hibridização tornou-se ela mesma sinônimo dessa solidariedade. Convertendo a hibridez no próprio obstáculo, o engodo afro e armadilha pantanosa onde só o euro-europeu a converteu em porto seguro e a partir do gozo, sabe caminhar.[2] 

Esse obstáculo epistemológico é o impedimento do conhecimento verdadeiro ficou claro e observado na polemica surgida após a divulgação da lista dos nomes que compunham a o Projeto da biblioteca angolana, projeto da Maianga Produções. Logo a mulatidade é mecanismo político-ideológico e retórico-racista adotado pela política psico-patológica eurocêntrica com o objetivo de certificar por meio dos ISO´s e eliminar as características específicas afro-africana. Mistificando as reais divisões político-sócio-culturais dos Estados “pós-colonilizados”. Supostamente, defensores das lutas e causas dos afro-africanos, que ao mesmo tempo se apresenta como espoliador, usurpador da fala do afro-africano que por sua vez se sente constrangido em ter uma fala menos universal e, mas de recorte étnico nas soluções de problemas que se apresentam universais, mas de características especificas e atuam de forma específica no tecido social, das sociedades multi-rraciais. O que levou a criação de obstáculos, mais perversos, que colocam o afro-africano em situação de inércia. Devemos levar em conta os séculos de doutrinação que começaram com o primeiro contato de forma mais real entre o branco e o preto, no período do expansionismo ocidental. No qual o euro-europeu se auto-colocou e definiu como o padrão de ego e norma estética. Este mecanismo de controle quase que automático por parte do homem vivent na mulatidade é quase que automático e ou incapaz de viver de acordo com seus ideais, por se dar na esfera da psique. Por mais que se apresentem como indivíduos desprovidos de preconceitos (não racista ou que se apresenta como tal), isso de ordem moral individual e não coletiva, o euro-europeu mantém um comportamento racista, pois vive e se vive em um mundo onde o ideal de ego é branco sob o guarda-chuva da branquidade que lhe confere toda a legitimidade. O espoliador, detentor de poder, adota, segundo suas necessidades, o procedimento de controle da produção coletiva, sem abordarem diretamente os usos e costumes do povo dominado, extraindo “somente” o produto do trabalho alheio ou, o que tem sido encontrado amiúde, a dominação econômica, política e cultural/religiosa. É este o processo de sonegação do direito à auto-afirmação, fruto de um processo de des-legitimação político-sócio-cultural em relação à África e ao afro-africanos, que a mulatidade se apóia.

O peso de sua historia dos costumes e conteúdo cumulativo nos confronta com toda a resistência de um objeto material. Talvez seja uma resistência ainda maior, pois o que é invisível é inevitavelmente mais difícil de superar do que o que é visível MOSCOVICI [2003]

Objetivando a construção de uma identidade única e nacional, a angolanidade[3], segundo a elite pensante e política angolana, deveria obedecer à ideologia hegemônica baseada no ideal do branqueamento a mulatidade (o etnocídio do preto). Dessa forma preso o mulato angolano míope pela mulatidade, em especial o escritor afro-europeu, apesar de arrolar sobre Angola, se orgulhar de seu povo e cultura, o faz usando uma linguagem e estética presa no olhar hegemônico branco-europeu. Cremos que por este motivos sejam os escritores de maior visibilidade no exterior, transferindo o arroubo inconformista para a afirmação dos valores nacionais[4]. Transfigura a natureza em valor, recupera os personagens míticos para reacomodá-los em esquemas condizentes com o projeto nacional, e descamba para o exótico. Onde a natureza se torna protagonista, possibilitando a união das raças (africana e européia): valorizando os seus, e restabelecendo o tempo da lenda, projetando os personagens na atemporalidade, em paralelo com o mitos euro-europeus, logo sucumbem à encomenda de exotismo por parte do Eu hegemônico. Porém a construção dessa unidade identitaria angolana, uma identidade dos excluídos[5], identidade essa onde a diferença representa uma ameaça a mulatidade enquanto lócus de privilégios demarcados para os interditos, constituindo-se desse modo um Estado-nacional de excluídos. Visando a inclusão de todos aqueles que se identificam e aceitam a mulatidade como lócus. Assim a multi-etnicidade é encarada como o vírus fatal a angolanidade, e é encarada não como uma mais valia enquanto o elemento de unificação dos homens a própria diferença da espécie.

 A mulatidade e des-legitimação da negritude


Segundo Sidi Askofaré, a escravidão é uma estrutura social que induz alguém a se ver como imagina ser visto pelo senhor
[6] ou como gostaria de ser visto por ele. Essa lógica põe o senhor[7] na posição ideal do Eu e leva o sujeito à auto-depreciação. E causa duas vertentes de patologia ao escravizado: primeira, há uma vertente negativa dos procedimentos simbólicos do avassalamento, de destruição, supressão, dissolução dos elementos (crenças, valores significantes) que constituíam a base subjetiva destas pessoas. Trata-se de uma espécie de tábua rasa, de desapossar aqueles homens de seus atributos de identificação, de fazer deles crianças neonatos, cuja data de nascimento coincidisse com a data de sua compra. Segunda, há por outro lado, uma vertente positiva dos procedimentos simbólicos do avassalamento que consistia na atribuição de uma identidade apócrifa e alienante (religião, língua do senhor ou língua que o senhor domina). Essa dominação simbólica culmina em uma dominação política, mais eficaz e perigosa, porque incidem sobre os corpos por meio da língua, da religião e também do laço afetivo, com as mulheres escravas, seus filhos que são propriedades do senhor, etc. Assim, o laço social de que são presos gera e reproduz a servidão, a submissão e o desmantelamento. A dominação simbólica[8] produz também efeitos no imaginário. São os efeitos sobre o narcisismo, o amor e apreço a si mesmo[9].

A independência e o pós-colônia, apesar da transferência política de brancos para pretos e mulatos, não representou a alteração da estrutura das relações sociais “a norma” na sociedade angolana. Da herança devastadora da colonização a independência nada conseguiu obter em relação à mudança da norma. A mulatidade é fruto claro da estrutura racialista e racista colonial herdada psiquicamente que se apresenta sob a forma do neo-racismo e uma neo-segregação em Angola. Já que a mulatidade é sinônimo de ser o padrão estético a norma. O que quer dizer que o mulato-branco, em regra geral, detém condição e vantagem simbólica e sócio-cultural melhor em relação ao preto. A estrutura sócio-cultural e simbólica entre branco-mulatos e pretos no período de “dominação” colonial, apesar da mudança no poder político-administrativa pós-independência, manteve-se e se mantêm praticamente inalterada em termos hierárquicos ao longo dos anos de independência: no topo da pirâmide, pretos assimilados e branco-mulatos, no meio os branco-mulatos e na base os pretos, perpetuando-se dentro da angolanidade. Logo em Angola ser branco-mulato e ou assimilado, em si já representa uma vantagem de cerca de 50%, dentro de imaginário e memória social a seu favor. Por outro lado ser etnicamente centrado é ter dificuldades maiores para viver e ocupar cargos e funções onde a aparência e estética é fundamental.

Nosso esforço aqui é senão é guiado pela preocupação do círculo vicioso que aprisiona o homem afro-africano em especial o angolano e pela tentativa de trazer a luz os dilemas desse círculo vicioso das formas e modo como se tem tentando forjar o Estado-nacional de forma perigosa e excludente nos moldes dos Estados-nacionais europeus do século XIX e inicio do século XX. Onde a negação de si mesmo por parte dos brancos nascidos em Angola, mulatos e pretos assimilados no que podemos ligar a idéia do bom selvagem, segundo MOSCOVICI:

Isso é assim, não porque ela (representação social/construções) possuiu uma origem coletiva, ou porque ela se refere a um objeto coletivo, mas porque, como tal sendo compartilhada por todos e reforçada pela tradição, ela constitui uma realidade social sui generis. Quando mais sua origem é esquecida e sua natureza convencional é ignorada, mais fossilizada ela se torna. O que é ideal, gradualmente torna-se materializado. Cessa de ser efêmero mutável e mortal torna-se, em vez disso duradouro, permanente, quase imortal. Quanto menos pensamos nelas, quanto menos conscientes somos delas, maior se torna sua influência MOSCOVICI [2003].

O que propomos neste estudo é o inicio imediato das discussões sobre estas relações ambíguas no seio da sociedade angolana, pois, caso assim não se faça, corremos o risco de conflitos inter-étnico-racial visto que ha sempre resistência cultural por parte de toda sociedade visto que a relação é dada por forma sujeito-objeto e objeto-sujeito. E que todo o grupo étnico quando de alguma forma se sente ameaçado, tem como lugar último e seguro de refúgio à sua identidade étnica e o extermínio do Outro se torna o caminho preferencial para solucionar o conflito gerado entre grupos étnicos distintos. Logo a minoria étnica corre o risco de sofrer um genocídio que, em Angola, os brancos e mulatos representam a menor parcela étnico-racial da população. Exemplos recentes nos Balcas, Rwanda e África do Sul, o Outro é sempre o bode expiatório.

Assim, o gesto de escrever para si e sobre si mesmo e possuir uma fala própria se torna capaz de proporcionar um momento prazeroso de autovalidação ao homem de cor. Eis aqui, portanto, uma revolução que me é adequado abraçar – ajudar minha sociedade a recuperar a confiança em si e a se desfazer dos complexos dos anos e infâmia e autodegradação KILLAM Apud APPIAH [2007].

 

Por: Nkuwu-a-Ntynu Mbuta Zawua



[1] Nação é uma comunidade política imaginada - e imaginada como sendo intrinsecamente limitada e, ao mesmo tempo, soberana (ANDERSON, 2008, p. 32).

 [2] Obstáculo epistemológico é um impedimento ao conhecimento verdadeiro – um bloqueio criado pela própria ciência para se conhecer o objeto. Nesta caso, o mulato é um impedimento para se conhecer, de fato, a natureza das relações raciais no Brasil. Na verdade, não se trata do mulato, mais sim, do construção sociológica do mulato: a “saída de emergência” do sistema social que funcionaria como redutor de tensões raciais ou uma “válvula de escapa” para evitar as polarizações antagônicas entre pretos e brancos (CARONE In: BENTO e CARONE (org), 2007, p. 186).

[3] A angolanidade requer enraizamento cultural e totalizante das comunidades humanas, abarca e ultrapassa dialecticamente os particularismos das regiões e das etnias, em direcção à nação. Ela opõe-se a todas as variantes de oportunismo (com as suas evidentes implicações políticas) que procuram estabelecer uma correspondência automática entre a dose de melanina e a dita utenticidade angolana. Ela é, pelo contrário, linguagem  da historicidade dum povo (ANDRADE apud KANDJIMBO, 2000, p. 48).

[4] Na busca para construir uma nacionalidade e Estado-nação, o crioulo* e os europeus em conflitos com a Europa, imaginaram suas novas comunidades desligadas da metrópole, como mecanismo de negar e relegar os males do escravismo, e colonialismo como intrínsecas das metrópoles e não do Novo Mundo.

[5] A sociedade exclui para incluir e esta transmutação é condição da ordem social desigual, o que implica o caráter ilusório da inclusão. Todos estamos inseridos de algum modo, nem sempre decente e dignos, no circuito reprodutivo das atividades, econômicas, sendo a grande maioria da humanidade inserida através da insuficiência e das privações, que se desdobram para fora do econômico. Na análise psicológica, essa lógica dialética inverte a idéia de inclusão social, desatrelado-a da noção de adaptação e normatização, bem como de culpabilização de coação. A lógica dialética explica a reversibilidade da relação entre subjetividade e legitimação social e revela as filigranas do processo que liga o excluído ao resto da sociedade no processo de manutenção da ordem. A dialética inclusão/exclusão gesta subjetividades específicas que vão desde o sentir-se incluído até sentir-se discriminado ou revoltado. Essas subjetividades não podem ser explicadas unicamente pela determinação econômica, elas determinam e são determinadas por formas diferenciadas de legitimação social e individual, e manifestam-se no cotidiano como identidade, sociabilidade, afetividade, consciência e inconsciência (SAWAIA (org), 2008, pp. 8-9).

[6] Ele [o cristianismo] estabeleceu a autoridade de senhores sobre seus servos e “escravos”, em uma dimensão tão grande quanto eles próprios poderiam ter prescrito... exigindo a mais estrita fidelidade... requerendo serviço com simplicidade de coração, para o lorde, e não para os homens... E é a partir da resistência encorajadora que ele não permite a eles a liberdade de se opor, ou de dar respostas desrespeitosas de seus senhores. E, remetendo-os à futura recompensa do céu, por seus serviços feitos para eles com fidelidade na Terra (GOSWYN apud DAVIS, 2001, p. 234).

 

[7] Para entender como tais construções ocorrem, o caminho lógico é examinar a linguagem, na medida em que é através dela que criamos e vivenciamos os significados. Na linguagem, está a promessa do reconhecimento; dominar a linguagem, um certo idioma, é assumir a identidade da cultura. Esta promessa não se cumpre, todavia, quando vivenciada pelos “negros”. Mesmo quando o idioma é ”dominado”, resulta a ilegitimidade. Muitos “negros” acreditam neste fracasso de legitimidade e declaram uma guerra maciça contra a negritude. Este “racismo” dos “negros” contra “negro” é um exemplo da forma narcísica no qual os “negros” buscam a ilusão dos espelhos que oferecem um reflexo branco. Eles literalmente tentam olhar sem ver, ou ver apenas o que querem ver (GORDON in: FANON, 2008, p. 15).

 

[8] Todo símbolo é o sinal de reconhecimento de sujeitos humanos, que partilham um mesmo “mundo-em-comum”. O símbolo não é uma representação de objectos, que é monopólio do signo, mas a representação social fundamental, enquanto evoca a memória da aliança originária, que dá sentido a cada encontro (RESWEBER, 2002, p. 32).


[9] ASKOFARÉ apud GERBASE, Jairo. Subjetividade, resistência e discurso: sintomatologia da escravidão “Sidi Askofaré”. In: Seminário de cultura negra e psicanálise das caravelas e tumbeiros ao hip-hop. Rio de Janeiro, IPDH 31/08 – 04/09/08. 

“Realista”

Artista: Yannick - Afroman
Música: “Realista”
Álbum: Foi retirada e não faz parte do “Mentalidade” (2008)
Editora: Ngombo Produções

OBS: É uma transcrição não a letra original. Acreditamos não estar disponível visto que é uma musica não veiculada oficialmente em Angola.

 

 Verso I

 

É negro mesmo não muda
Hum e você que é branco já vê só
Os brancos se ajudam entre os brancos
Os mulatos se ajudam entre os mulatos
E os negros se lixam entre os negros
Óh não deixa lá disso meu irmão não vale apenas só
Deixa disso meu irmão essa nossa raça tem muitos problemas
Isso então é complexo meu irmão evita só
Estou a bazar embora evita só
Óh apá sai daqui páh
Mas dum coro tem mesmo tem razão
Não sei como é que é na tua banda mais aqui
Uma empresa quando tem bwé de claros é por que pagam bem
Se tiver bué (bwé) de negros podes crer é porque o salário não convém
A sítios que o negro é barrado mesmo que bem apresentado
Mais o branco pode entrar de chinelos calção partes escorno ou de fato macaco
Você ate fica fraco não é preciso íris na Alemanha Brasil ou em Portugal
Em Angola o negro discrimina o negro igual
Mais a maioria dos negros querem ser brancos seus pancos
Utilizam produtos que nem o Charles Bois fritam cabelo igualzinho Akwá
Um negro com lentes de contatos fica tipo um cá-buá (bwá)
Como é que não vos chamam de macacos auá (awá)
Mesmo aqueles brancos que lá não são ninguém
Aqui são todos chefes uma vida se-bém com um salário que arromba
Quantos mwangolés estão na tuga a sofrer na obra
Preto macaco toma banana por cima são discriminados
Mundelé pode fazer vinte anos na África não muda seu sotaque hábitos e costumes tiro o chapéu
Mais o bumbu um ano só nas bandas já se dá de europeu
Até vem de dizer preto mesmo é atrazadué
É muito preconceito em Angola só não temos complexos na bebida e no sexo
Pum pum pum estou abrir ché um pula por aqui tais perdido ou qualquer coisa assim
Não esta casa pertence-me vim recupera – lá
Brinca bem tantos anos a viver aqui ou me mata ou quê
Não saio daqui nem com um contra fé ché
Fugiram da guerra agora estão a vir aqui como donos da terra
Epá eu não sou culpado pá eu não tenho nada haver com vossos problemas
Só falta vir mais um mundelé com um papel dizendo que o país é dele
Isso é racismo.

Refrão

 

Eu não sou racista sou realista
Mwangolé precisa de uma lição de moral
Para se libertar da escravidão mental

Eu não sou racista sou realista
Mwangolé precisa de uma lição de moral
Para se libertar da escravidão mental


Verso II 

 

Não sei como é ali mais aqui mo dom
O mais lixado não é o pula mais o laton
Eu sou laton minha ex namorada era black
Vocês sabem eu não tenho nada haver com esses problemas
Vieram da mistura mas com negros não querem se misturar sempre a discriminar
Feio ancorado ou matumbo se casam entre eles
Mais se for um bumbu tem de ser um daqueles ou é falado ou tem nota verde
Dizem que o mulato não se perde é mentira nós é que fizemos a sorte deles não admira
O nosso complexo é que lhes deu acesso o negro quando agarra já uma mulata uá ué
Só da maneira que estranha
Se for então uma branca tipo que já esta no céu homem aranha éh éh éh
Há sítios você entra funcionários são todos clarinhos
Negro é só um ou dois essa história não é de hoje
Não é preciso ser bom ou ter dom
Em Angola é mais fácil encontrar um emprego se fores brancos ou laton
Estou andar muito no sol ate estou a ficar escuro possas
Se preocupamos muito com a cor
Isto não é uma questão de política o próprio negro é que não se da valor
A negros que fazem filhos mestiços pensando no seguinte
A cor deles como é de sorte quem sabe um dia vai ajudar a família éh éh éh, ai ai ai 
É difícil ver um laton que tem massa casar com uma dama pobre da minha raça
Ou a negra tem ou é filha do fulano
Pode ser engano mas a maioria das filhas ou filhos dos negros que tenhem dinheiro
Casam-se mais com pulas ou latons essa história já vem de longe
O mais engraçado é que o negro quando esta a ter um pouco de fama ou dinheiro 
Só mulata é que é mulher lhe leva daqui dalí a se exibir para toda gente lhe ver
Ché esta com uma latona
Há negras que só garinam com pulas e a negros que falam mesmo assim eu só gosto de mulatas
É o quê eu gosto dele amor não tem cor isso é complexo da pele acredita
Por isso é que muitos latons dizem mesmo a nossa cor facilita
Você é racista

 

Refrão

                         

Eu não sou racista sou realista
Mwangolé precisa de uma lição de moral
Para se libertar da escravidão mental

Eu não sou racista sou realista
Mwangolé precisa de uma lição de moral
Para se libertar da escravidão mental

 

Verso III

 

Há quem quando lhe éh estais a ficar bem escura
Só desgosto no rosto
Agora lhe dizem o contraio estais a ficar bem clarinha
Ai obrigado muito obrigado só alegria assim ganhou um dia
Eu nunca tive o pesadelo melhor dizer sonho de ser branco ou amarelo
Olha pra mim uau olhem pra mim uau como adoro a minha pele de cacau muax
Na maior eu digo isso com a cabeça erguida o melhor presente que Deus me deu na vida
Foi de me ter feito escuro afroman puro
Moreno cabrito evita isso meu irmão
Mestiços são negros em todo parte do mundo
Só em Angola é que não são negro ou branco nenhuma raça é superior ou inferior
Somos todos iguais só a diferença na cultura e na cor
Desculpa se eu feri a sensibilidade oh passei meta
Eu sei que isso dói à verdade dói mas constrói
Podes me chamar ate de treta pateta ou careta mais uma coisa é certa
A nossa sociedade precisa de uma mudança de mentalidade
Eu não sou racista sou realista
Eu sei que o angolano tem problema de interpretação por isso atenção
Eu não tenho nada contra latons nem pulas digo isso no fundo do coração
Ele não se dão de superiores nós é que nos sentimos inferiores
Nós é que temos de eliminar esse complexo de inferioridade fazer uma revolução mental
Para que no futuro nossos filhos possam viver de igual para igual sem preconceito racial
Se não os nossos netos viveram numa nova era colonial por culpa de nós próprios
Se queremos mudar esse é o momento por que ainda vai a tempo